Katia Dieckmann – Nutricionista Integrativa Natural
Estamos há um ano vivendo este turbilhão de emoções e já é possível avaliar o impacto em relação à alimentação.
Sim, houve um aumento significativo no aumento do peso corporal e também no aumento do consumo do álcool.
Com a pandemia e confinamento, o tempo aumentou. Não há mais perda de tempo no trânsito e nos encontros com pessoas.
Infelizmente para muitos, ter tempo sobrando e ser obrigado a ficar em casa trouxe muita angústia. O tempo trouxe a oportunidade de se olhar para dentro e muitas vezes descobrir sentimentos, emoções ou questões mal resolvidas, que antes eram ignoradas.
Esquece-se que, historicamente, pessoas comem por diversas outras razões que não as necessidades biológicas. Comer é um ato de prazer e de se relacionar e identificar com o mundo. Tem a turma que gosta do agridoce, outras detestam; já se fala que quem come uva passas são apenas os nascidos até 1980; temos os vegetarianos e os amantes das carnes e assim vai.
Hoje temos uma visão restrita e dicotômica do “saudável e não saudável”, “bons ou ruins”, dos alimentos categorizados pelos seus nutrientes e conseguir admitir que você gosta de comer, com certeza, irá gerar um sentimento de culpa.
A pandemia aumentou sentimentos antes camuflados com o excesso de atividades, como tristeza, medo, angústia e, para tampar estes buracos sentimentais, a comida foi o maior consolo.
Este consolo é consequência do terrorismo nutricional, ou seja, as proibições de alimentos ou de grupos de alimentos como gorduras e carboidratos, a obsessão por proteínas, o exagero ou culpa pelos doces, o que confunde as escolhas alimentares das pessoas. Hoje já não se sabe mais o que colocar no prato ou segue-se há tanto tempo dietas restritivas que, quando surge algum sentimento que não há como administrá-lo, tudo aquilo que foi restrito ou proibido surge como recompensa ou consolo.
O terrorismo nutricional não torna as pessoas mais saudáveis.
A Nutrição Comportamental auxilia o paciente a observar seus pensamentos que antecedem o desejo por algum alimento, faz a pessoa avaliar se é fome ou vontade de comer e qual sentimento está por trás do pensamento que gerou esta vontade ou fome. Com compaixão o nutricionista ensina o paciente a se conectar novamente com ele mesmo. Portanto, é um resgate do autoconhecimento.
A comida, além de nutrientes, ela tem uma série de significados. É preciso lembrar que o homem come desde sempre. Comer precisa ser um ato natural e sem culpa.
A pandemia veio para nos ensinar que até o ato das escolhas dos alimentos deve estar conectado com os seus valores. A forma como você come: sozinho ou acompanhado, sentado ou em pé, relaxado ou estressado, mastigando ou engolindo… Mostra o quanto você está conectado com o seu autoconhecimento. E o convite que te faço hoje é: conecte-se!
Beijos no coração!